S. Sebastião (Ericeira) (c. 1916)

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S. Sebastião (Ericeira)
 
Aguarela sobre papel
19 x 27 cm
c. 1916
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     Como já foi escrito (cf. texto de Maria de Aires Silveira no catálogo do Museu do Chiado), o motivo desta vista de Roque Gameiro não é propriamente a ermida em si, mas a escadaria caiada que nos dirige o olhar para lá, recortando-se o volume octogonal de uma capela setecentista num céu azul de fim de tarde, com o crescente da lua. A escadaria branca ascende diagonalmente uma elevação rochosa, no cimo da qual descem duas figuras carregando cântaros na cabeça; mais à esquerda, em baixo, junto ao muro caiado, uma bica enche uma bilha, enquanto uma mulher sentada no muro mais à frente contempla a praia.
 
 
    Aguarelista sensível, Alfredo Roque Gameiro entendeu a pintura como o vinham fazendo sucessivas gerações de pequenos-mestres, desde o século anterior, empenhados no registo simultaneamente plástico e verista dos motivos castiços de uma paisagem nacional.
     Nesta obra regista-se um interessante jogo de volumes, gostosamente trabalhado, delimitando a escadaria que, atravessando a falésia e os degraus já gastos, encaminham o olhar para a Ermida, de planta octogonal, numa progressiva dinâmica de representação de linhas curvas e cantos angulosos. Contrariando esta direcção, uma mulher com um cântaro desce as escadas, enquanto outra contempla a praia. O caminho da fonte torna-se o motivo da composição embora a Ermida de S. Sebastião identifique o local. Uma subtileza de entendimentos em presenças desvendadas por olhares ausentes na composição (areal e água) sugerem uma nostalgia acentuada pela luminosidade de final de tarde, em jogos de sombra/luz que destacam os brancos manchados dos alçados como motivo plástico da aguarela.
Maria Aires Silveira
 
Adquirido pelo Estado em 1917
Exposições:
1948 Luanda, Lourenço Marques
1946 Lisboa
 
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